"Brincando no terreiro" (Amigos para sempre)


Imagem: Tela do Guma (coleção particular L.A.) © 2011/2022
"os meninos"

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"Brincando no terreiro" (Amigos para sempre)
Republicando

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O João encontrou um lápis.
Sabia que Ada tinha um papel, mas não tinha com que escrever ou desenhar.
Concluiu o João, que afinal não lhe ocorria nenhuma ideia tão luminosa assim, para dar uso ao lápis, e não tinha papel.
Perguntou à Ada se queria o lápis para utilizar no papel.

A Ada aceitou o lápis, mas ao fim dum pedaço, disse que tinha muitas ideias, mas não sabia por onde começar.
Olga tinha uma borracha, mas não tinha lápis, nem papel e gostou do gesto do João e não quis ficar atrás. Prontificou-se, para que se Ada quisesse escrever ou desenhar alguma coisa, não tivesse receio de estragar o papel, pois dava-lhe a borracha, poderia apagar e recomeçar de novo quantas vezes quisesse.
O Gambia só assistia, porque mesmo, mesmo, não tinha "coisa" alguma.
Como a Ada não se resolvia, o Gambia timidamente pediu-lhe que lhe desse o lápis, o papel, e a borracha, o que a Ada aceitou!
Gambia colocou os objectos numa pequena cabaça e pousou-a ao seu lado, agradecendo. Ficou pensativo e fixou o olhar que estava tão longe quanto a sua imaginação o conseguia levar, trocando o momento presente por um futuro esbatido que tentava descortinar.
Ada um pouco insatisfeita com o resultado, pois pensara que o Gambia iria dar alguma utilidade ao que acabou por guardar, perguntou-lhe:
- Então não vais fazer nada com o que te dei?
Ao que o Gambia respondeu:
- Já fiz. Guardei-vos para sempre! Cada um dos objectos me fará lembrar de vós, esteja onde estiver.
Quando eu for mais velho, o lápis será a minha ferramenta para comunicar. O papel em branco me dirá que haverá sempre muitas ideias, sentimentos, emoções, que não saberei pôr na escrita, mas na mesma não deverei deixar de sonhar e tentar viver na prática.
Espero olhar para a borracha e me lembrar que não devo apagar parte alguma de minha vida, não vão desaparecer da memória momentos como este e amigos como vós.


Guma © 2009/2022

Comentários

MARILENE disse…
Que amor, Guma! De uma sensibilidade admirável. Sua tela foi muito apropriada. Abraço.
Anónimo disse…
❤️
Muita sensibilidade. Grato pela visita e comentário. Adoro ser criança e poder dizer aos netos que já o fui.
Guma disse…
Obrigado sou eu. Abraço!
Guma disse…
O pedacinho de criança que resta em nós eleva a nossa sensibilidade e entendimento. Muito Obrigado Marilene!
São disse…
Muito bom ter-te aqui de novo e com tão sensível texto...

Grande abraço , meu amigo
Guma disse…
Tão bom tua visita amiga.
Obrigado São, beijinho 😘

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