" a casa da cor do sol "
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com chuva ou sol, desbravavam mato, naqueles carreiros de terra batida e meio arenosa que num passado distante terão sido leito de rio, seguiam felizes, como já nem se usava, colhiam uvas de videiras bravas, figos mel para adoçarem o paladar e maravilhavam-se com exuberância da natureza, com a floração colorida que convidava ao bailado das borboletas.
o caminho levou-os ao monte mais alto que vislumbraram, onde sobressaía um pobre casebre abandonado e sem palavras anuíram, podia ser um bom lugar para meditar sobre a longa caminhada que até ali os trouxe.
sentaram-se numa laje e de lá inspiraram tudo o que conseguiram do que sobrava de bom, uma vez, e outra mais, antes de se entregarem ao descuido.
excêntricos cúmulos de nuvens que a brisa desenhava em formas criativas levaram-nos em divagações, depois... para lá delas colheram-se de pressentimentos que profetizavam sonhos desiguais, que antes não se aperceberam.
dizia-se por lá: ahhh "o amor livre" era o culpado, não eram como toda a gente, seja lá o que isso quer dizer, mas na certa armadilhou sentimentos, provocou delírios e fez tantos estragos e sofrimentos, que quase desfigurou o belo cenário que por aqui se tem de dias com nuvens de algodão e outras que não, neste pedaço do paraíso, acha-se que os viram abalados para terras dispares, desconhecidas e distantes, desunidos que se deram sem saber mais por onde recomeçar.
ao que parece deixaram no lugar a alma desfeita e partiram vazios, como quem nem sabe de onde é.
diz-se na terra que inté* agora, des-sabe-se* se regressaram para a resgatar.
mas hoje um homem da terra que o povo diz não ter juízo, por andar pelos tais caminhos do falar sozinho, que um deles voltou sim, construiu e vive numa casa da cor do sol e todos os dias pela alvorada, aparece à janela de ombros cobertos por uma manta de retalhos com bordados elaborados, cores com a alma a descoberto, irradiando felicidade.
outros dizem que o homem não é louco, é poeta, e os poetas vivem pela vida dos loucos.
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Comentários
Verifiquei que é possível comentar mesmo sem ter conta Google.
Um prazer ler as suas divagações. Voltarei.
Abraço
Manuel Simões
Abraço, bom domingo!
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A imagem embora figurativa, foi tirada sim ao redor donde regressei e de lá tinha saído muito contrariado pelas contingências da vida.
A descrita casa amarela, vislumbra-se dali e foi aí qe me encantei, e dela vim a fazer o lar que sonhei, e neste caso sonhar foi concretizar 😊
Bjs amiga São / kandando com o desejo de um resto de dia bom.
Por vezes os sonhos podem trocar-nos as voltas. Mas que nunca nos falte a poesia!
Abraço e Feliz Natal!
Sim, mas na dúvida, vale a pena batalhar por eles e é por essa escolha em caminhar que nos inspira a poesia.
Boa semana, Boas Festas - kandando