já não é, não era para ser, finou!



tinha um telhado
por paredes suportado
um tecto rebocado
uma porta vermelha
em entalhe de cerejeira
uma cozinha chaminé
que era uma bela lareira
o fogo e a panela de ferro
com água vinda do poço
e tudo parecia tão certo
como a noite e o dia
agora, o quintal é um deserto
onde antes tudo florescia
o poço secou
as paredes já sem reboco
e do telhado resta um pouco
o tecto desabou em parte
restam escombros da chaminé
a porta caída que não apodreceu
e eu, janela, aqui estou sentida
relembrando o que já não é
não era para ser, finou!

 
.
autor 📝📸 : 
Guma © 2009 / 2023


Comentários

As casas quando ficam sozinhas envelhecem e as janelas vêem porque têm os olhos abertos.
Um abraço.
São disse…
Um poema muito bonito que expressa bem o que é uma casa abandonada.

Fico sempre pensando no triste destino destas casas...

Grande abraço, meu amigo, alegre domingo e boa semana :)
Guma disse…
Querida amiga São,
Eu também.
E fico pensando em quantas estórias, quantas famílias, gente que ali nasceu e se criou... enfim, um sem número de pensamentos que levam à divagação.
Enorme e redondinho kandando com carinho e amizade. Bom domingo São.
Guma disse…
B.N.N.,
Concordo e tenho a sensação que as Jane*elas têm olhos que embora não pareça, veem para dentro com muita acuidade apesar dos cortinados, e nestes casos, olham para o vazio e isso as entristece, consome, envelhece também.
Grato pela visita e comentário que deu para imaginar, deixo um kandando!

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