. pelos tapetes d'outono caminha a saudade, como se o presente nada fosse com ela. a folhagem seca, range queixando-se a cada passo meu. tal e qual as memórias, as folhas secas pisadas, multiplicam-se em milhentas partículas na tentativa vã de se manterem vivas, tatuadas no tempo, desgastadas mas indeléveis. - só que não! algumas, poucas, folhas, teimam em se agarrar ao passado, mas seu destino está traçado. outras, abraçadas pela brisa, rodopiam numa dança desigual, sabendo que levadas às sortes serão o alimento da terra, o que a torna fértil. a saudade também é alimento, alimenta o amor, a amizade, alimenta a alma de boas recordações, alimenta e muito aquela dor profunda do irresolvível, e é aí nesse poço sem fundo que é inevitável alguém um dia mergulhar. assim vou, sem sentido, mas sentindo que o tempo não conta, nem se encarrega de prestar contas, nem soluções para alimentar ou quebrar a saudade, esta não nasceu do tempo, mas criou-se nele e agarrou-se a como uma lapa se agarr...