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O lamento dum abraço

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  bom é o abraço que encaixa leve mas vigoroso, sentido como roupa por medida bom de afago reconfortante e duradouro quero lá eu outro se não esse e mantê-lo sem dono livre de regras na doação .............  📝 :  Guma  © 2009 / 2023   ............. . era um abraço farto de braços abertos novinho e por dar... um abraço oferecido que cansou de tanto esperar. . - ah... como eu lamento se esse abraço por tão pouco se perder por aí, vencido. . tentou o coitado aquecer-se mas amargurado enregelou. sem pinga de graça, teimoso e de ombros caídos ainda se manifestou, - quem quer um abraço dado que alguém descartou? . mas passavam por ele como transparente fosse. . - ah como eu lamento vê-lo desperdiçado e triste e quão farto e intenso era e não resistindo à espera, amargurado por dentro, foi onde abraços não havia mas prometendo voltar... . - quiçá um dia e sem vento eu consiga regressar. . - não me convenceu . ah... como lamento aquele abraço desperdiçado que podia ser o meu, um abraço farto

tudo começa nas raízes

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  ...era algo sobre a conversa sussurrada que as raízes têm entre si enquanto se espreguiçam e abraçam a árvore mais próxima. a brisa quente do verão, ao acariciar a folhagem da árvore de folha caduca, lhes confia como certo é, caírem esvoaçando delicadezas, daqui a nada, será chegado o outono fora das previsões que já não se cumprem. a alegria da semente germinando ao espreitar os primeiros raios de sol, mantém-se a mesma de quem a plantou e regou com paixão observando com a alma e de olhos cerrados adormeceria sabendo, que nos sonhos reside a esperança, uma outra visão, e não as respostas que procuramos.   A "tua" árvore de todos nascem, vivem e um dia morrem de velhice, uma doença súbita ou prolongada, quem sabe. outras vezes por não encontram motivação para permanecerem por cá a oxigenar-nos. a sua morte natural é bem diferente dos humanos. elas morrem de pé. o homem fisicamente não o consegue, mas há aqueles que embora não o consigam em termos físicos o fazem com a

o que o tempo apura

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.  Que fruta é essa que te emprestou o sabor de meu desejo Que fruta é essa suculenta, que me tenta e o tempo apurou num beijo Que fruta é essa que a cada prova um novo sabor inventa Que fruta é essa que me faz água na boca e lamber os dedos Que fruta é essa que sabe de meus segredos e deixa-me na pele impressa a paixão sem culpa a boca ávida do que nunca antes provei Que fruta é essa que apanhada verde, em mim apurei? . autor 📸📝 :  Guma  © 2009 / 2023

sequiosa

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. a palma da mão tocou e na ponta dos dedos sequiosa se deu debruçando-se venceu medos o eco cessou nada é em vão . autor 📸📝 :  Guma  © 2009 / 2023  

O tudo e o nada

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  somos o que guardamos e o que imaginamos o que parece esquecido mas mora dentro nós somos o que preparamos para o que der e vier somos o que não nos basta o merecido e o que não pedimos ser somos a perda e o ganho o nó de marinheiro a desatar somos o que somos e não o que parecemos somos o grão de areia e o universo inteiro somos de onde viemos e seremos com alma para onde formos desconhecendo a dimensão somos o que perdemos se nos perdermos em nós somos a paz de um sonho que não sonhamos em vão somos o que nos apaixona a alegria de viver as janelas da alma salgadas o leito de águas doces chegando suave à foz somos pedras da calçada, lustrada caminhos dos outros em nós somos barro quebradiço que um dia será pó . autor 📸📝 :  Guma  © 2009 / 2023

Gosto

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  (São Pedro do Sul) gosto de caminhar por carreiros apreciar as chaminés altaneiras das casas brancas da minha aldeia gosto das telhas de canudo vermelhas onde se plantam por si suculentas molduras de montes verdes que o azul do céu clareou respirar as flores do campo que de vermelho papoila ele pintou gosto do puro branco das margaridas que no meio por virtude o amarelo manchou gosto de caminhar por valados e veredas vencer vertigens e das escarpas olhar o mar sentir quão pequenino grão de areia sou gosto do nascer do sol lento, opulento é o antes, o agora e o depois gosto das cores quentes da minha terra das sombras frescas das vielas gosto da liberdade de as percorrer bem cedo e de as guardar como elas guardam gente gosto da corrente do rio que é nascente e será foz e me faz ser inteiro, rio que me mata a sede transbordando nas suas margens gosto, se gosto... gosto de tudo o que me surpreende por observar todos os dias e me parecer sempre diferente . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2

estranho

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  (Convento de Cristo) .................... estranho foi ao subir cruzar comigo (mesmo) e me ver descendo carregado do que está por vir . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

com a luz que o desconvenceu

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l evantou-se lento, entorpecido olhou o fino lençol de algodão amarrotado sobre o sonho adormecido quis mantê-lo guardado aquecido e pronto até ao seu regresso mas o dia é longo e ele desconhecia o processo o sonho já o sonhara enquanto sono teve ... um fino lençol de algodão atrai ou deixa ir os sonhos odores, a vida, ou a falta dela ... o sol se pôs e de novo se ajeitou sob o lençol pálido de nada como companhia a lua, que não era só sua percebeu que tinha perdido o norte desaguou onde o horizonte se confunde com o céu esperou pela chegada de um novo dia que ímpio chegou madrugador com a luz que o desconvenceu. . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

é a meio do nada...

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 " é a meio do nada,  que acontecemos de todo" .. . que o ouvido me guie e o olhar aquiete o longe que a alma siga o faro e contrarie o destino me apure a essência e aligeire o caminho que a sede imensurável do saber e da excelência não me seja satisfação. um pé seguindo o outro descalço sentindo o chão, sonhos na mochila, uma maçã e uma fatia de pão, tecto das estrelas e uma canção . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

"por portas e travessas"

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  . duas meias portas tortas e pouco inteiras e umas quantas ranhuras que me espreitam sorrateiras . acima e abaixo fechaduras dois postigos d'olhos cerrados e para o carteiro, uma abertura . lá dentro a coberto do velho telhado as paredes ruíram o chão que pisávamos finou . sem um presente o pretérito ficou no passado estórias que o tempo roubou . a chave ficou escondida onde sempre esteve e é seu lugar o lugar do esquecimento justo quando constatámos que era demasiado sofrimento e combinámos, deixar de a usar . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Casa Gira I

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  Casa Gira I . tem um ninho, pequenino e agora eu sei-o percorri mundo de trem venci rios para lá chegar mas encontrei-o nele cabem muitas patas pelo brilhando olhares e miados latidos de amor beijos e abraços fartos aromas de gente boa tem no ninho, quem tece lãs de afectos e que bem ficam um prato de ternuras e bom vinho e é lá que aqueço a alma me enrosco nos dias frios e me aninho eu sei dum ninho, pequenino que da chuva e do frio me protege nesse ninho, pequenino o amor, muito amor... acontece . autor  📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Permite-te

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  . se for brisa permite que leve os dissabores se for tempestade irá passar nada veio para sempre ficar se for chuva que seja copiosa dê vida às raízes, verde à folhagem enquanto desabrocham flores o que for será e alivie tuas dores te rodeie de amores meu encanto se for para sorrir, deixa entrar dá-lhe condições para permanecer enquanto livremente fica por querer se for para abalar, não segures, liberta pois pela certa só fica o que se merecer se for vida, aí permite-te e inspira . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023     

idealização

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  . não desviei meu olhar nem por um momento esperava a luz que não prometeste a orientar-me na escuridão mas nada aconteceu assim escolheste então fiz-me a esse breu sem receio só queria perceber por onde ir mas não deixaste uma porta aberta um rasto de tua essência à passagem e sem um sinal que me oriente fico pela idealização que me tenta e d'alma deserta assim estou como terra que se não regou e matou de sede a semente . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Perguntei

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  perguntei à noite se poderia ser suave como um sonho a preto e branco e gradientes de cinzento não me respondeu pedi à neblina que levantasse libertando a crueza das cores e nada sucedeu perguntei de novo mas a quem sabe pensando perguntar bem onde mora agora o pranto das flores que colhi a fé cega no caminho que escolhi e o que era feito do sono puro de arminho ao que um sábio respondeu o sábio aqui sou eu e é no soletrar da oração e pelas contas dum rosário de espinhos, que o sei mas caso te contasse o que sucedeu sábio serias tu e não eu fica então sabendo que a cruz que agora carregas em tempos carreguei-a eu . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023 . Tela: "O Insustentável Peso de Ser" Acrílico sobre tela 30 x 22 Autor: Guma Não disponível

Talvez...

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. Autor:  Guma "Pensador" Acrílico sobre tela - Colecção de Laura Abrantes . abandonou a primavera entregando a essência a um verão por chegar intenso e estranho era o vivo e o amorfo o lúcido e o louco cada um na sua vez agora nem um, nem o outro. ... sobrou-lhe um gigante talvez   . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Labirinto

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  a carícias dadas não aceito devolução apenas retorno para que me cheguem outras muito tuas, impregnadas de intenção  quem dera descrever o sentir quando te tenho em meus braços e os cinco sentidos tocam a reunir as palavras viram um labirinto insignificantes e às quais me escuso tatuando sim, os caminhos que adoçam perpetuando as horas das noites longas que retardam o amanhecer autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Estás...

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Estás-me em cada poro e quando olho dentro corres nas minhas veias regando de prazer meu coração És a minha pessoa, meu centro sejas e floresças todas as manhãs Estás-me nas unhas, que ao de leve arranham tuas costas e afundam em tanto desejo estás-me nos lábios em cada beijo com o calor de outros lábios teus fazes da noite as estrelas que conto para que a Lua não me distraia a cada ensejo Estás-me no pensamento como uma oração onde me encontro, medito, e me entrego à emoção. Estás-me na pele, em cada poro e se por vezes choro, é de alegria por te ter como todos os afluentes dum só rio. e se sorrio, é fazendo graça com o tempo que passa nos molda e abraça nos faz enlouquecer, morrer e voltar a viver Estás-me na pele onde descanso qual ribeiro manso em ti vivo com a certeza dum novo amanhecer no adeus à tristeza... na fecundidade de amar de ser teu,  e de te ter. . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Nós de nós

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  um, dois, três nós, tantos quantos quisermos nós. eles desapertam diferenças apertam convergências. nós que nos libertam ao nos aproximarem. troncos tocados, raízes que se entrelaçam e revigoram, frondosas copas de colorido florescem, perfumam, misturando essências. nós, os de braços com abraços, somos nós suaves que apertando, soltamos o melhor de nós . autor 📝📸 :  Guma  © 2009 / 2023

Terra molhada

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. chuva fina, orvalhada em cada folha pingando suave carinho realçando contrastes. cheiro de terra molhada refrescando o meu caminho, são os perfumes da natureza que inebriam os sentidos e sublimam o momento, libertando aromas e humores. em cada gota um cristal de vida sedenta, que lava a alma e amacia o coração, envolvendo-me na mais doce dança de viver. assim, em cada gota, em cada poro impregnado, sinto que mesmo em dias cinzentos no meu caminhar, descubro a alegria desta festa permanente exaltando a vida nas minhas azinhagas de ninguém e que a vida oferece a quem nela mergulha, um pote de esperança em plantio constante, onde é possível colher molhos coloridos de boas surpresas. . a chuva fina e orvalhada cai em gotas leves e suaves realçando o brilho das cores e trazendo vida aos lugares o cheiro da terra molhada liberta aromas e humores que exalam a natureza com seus mais belos odores é um momento de renovação que a chuva traz consigo deixa a alma mais tranquila e enche o coraç